Entenda o caso da advogada e dos PMs presos suspeitos de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro
01/12/2025
(Foto: Reprodução) Vídeos mostram ação de suspeitos de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro, em Gois
Uma advogada, policiais militares e empresários foram presos suspeitos de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro, em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. Segundo a Polícia Civil, a organização movimentou em dois anos mais de R$ 7 milhões oferecendo empréstimos com juros abusivos e utilizando métodos violentos de cobrança.
As investigações apontam que o grupo agia de forma violenta e organizada. Às autoridades, testemunhas relataram terem sido intimidadas com uso de armas, ameaças e até agressões físicas. As vítimas contaram que viviam com medo constante e sofrerem pressão psicológica.
Os investigados passaram por audiência de custódia no sábado (29) e permanecem presos. Ao g1, o advogado Reginaldo Paixão, responsável pela defesa do sargento Miguel Roberto Mendonça, um dos alvos da Operação "Mão de Ferro", afirmou que ele é inocente e que irá entrar com um pedido de habeas corpus (leia na íntegra ao final do texto).
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Em nota, a defesa da advogada Tatiane Meireles informou que dados sigilosos, imagens, conversas e informações pessoais da cliente foram indevidamente divulgados ao público. "Reiteramos que todas as imputações serão devidamente enfrentadas no foro adequado, com base em provas lícitas, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa", pontuou o texto (leia na íntegra ao final do texto).
O g1 entrou em contato com a defesa dos demais suspeitos, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Em nota, a Polícia Militar de Goiás (PM-GO) afirmou que três militares foram presos durante a operação. “A Corporação não compactua com desvios de conduta e reitera seu compromisso com a ética, a legalidade e a transparência. As medidas administrativas cabíveis já foram adotadas e seguirão em estrita observância às normas internas”, destacou o texto (leia na íntegra ao final do texto).
A Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO) também se pronunciou sobre o caso e determinou o afastamento preventivo da profissional de suas funções institucionais. “A conduta relatada é absolutamente incompatível com a ética, a dignidade e os princípios que regem a advocacia”, diz um trecho do comunicado (leia na íntegra ao final do texto).
Vídeos mostram cobranças violentas
Operação mira grupo suspeito de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro
Reprodução/TV Anhanguera
Vídeos obtidos pela TV Anhanguera mostram o sargento Herbert Francisco Póvoa, conhecido como Mike Póvoa, e a sua esposa, a advogada Tatiane Meireles, ameaçando e agredindo um homem com um taco de beisebol (veja acima). “Você vai ver como funciona em Goiás”, afirmou o militar na filmagem.
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Em outro vídeo, o sargento ameaça um homem com duas armas de fogo, enquanto a vítima chora e pede desculpas. "Ajoelha, ajoelha, agora!", gritou Pavoá. Mais imagens mostram o militar ameaçando mulheres ao cobrar dívidas, uma delas ele é enforcada por ele, enquanto outra tem uma arma apontada para a cabeça.
O casal também registrou o momento em que oravam sobre maços de dinheiro arrecadados com o esquema. No vídeo, a advogada agradeceu pelo montante e pediu que ele fosse multiplicado.
Operação “Mão de Ferro”
Sargento Mike Póvoa e a advogada Tatiane Meireles, alvos de operação da Polícia Civil
Reprodução/Instagram de Mike Póvoa e Tatiane Meireles
A Operação “Mão de Ferro” foi realizada pela Polícia Militar de Goiás na sexta-feira (28). A ação mobilizou cerca de 80 policiais civis para o cumprimento de mais de 10 mandados de busca e apreensão e nove mandados de prisão.
Segundo a polícia, foram alvos da operação o líder da quadrilha, bem como financiadores e executores das cobranças violentas. Além disso, a corporação informou que a advogada atuava na “blindagem jurídica” do grupo e participava das cobranças contra as vítimas.
Os investigados devem responder pelos crimes de de organização criminosa, usura (agiotagem), extorsão, lavagem de dinheiro, entre outros.
Nota da defesa da advogada Tatiane Meireles
A defesa da Dra. Tatiane Meireles vem a público reafirmar seu compromisso com a Constituição Federal, o devido processo legal e o respeito às decisões judiciais proferidas no curso da investigação criminal em andamento.
Embora informações estejam sendo veiculadas de forma ampla pela imprensa, cumpre esclarecer que o Juízo da 2ª Vara das Garantias da Comarca de Goiânia determinou expressamente o sigilo absoluto sobre todas as diligências e provas colhidas, bem como a manutenção da anonimização da identidade dos investigados, a fim de garantir a lisura e a imparcialidade da apuração.
O modelo de Juiz de Garantias, previsto no artigo 3º-B do Código de Processo Penal, tem como função precípua resguardar os direitos fundamentais do investigado na fase pré-processual, assegurando que eventuais medidas cautelares, como prisões e buscas, sejam apreciadas de forma imparcial, técnica e apartada da fase acusatória.
As determinações emanadas do Juízo das Garantias não representam recomendações discricionárias, mas ordens judiciais vinculantes, cuja observância é imperativa por todos os órgãos responsáveis pela persecução penal. O seu descumprimento, especialmente em sede de medidas sigilosas, compromete não apenas a validade da prova, mas também a integridade do sistema de justiça.
Ao contrário do que foi determinado judicialmente, dados sigilosos, imagens, conversas e informações pessoais da Dra. Tatiane Meireles foram indevidamente divulgados ao público, em frontal descumprimento à ordem judicial, o que pode configurar grave violação ao ordenamento jurídico vigente, além de comprometer o direito à ampla defesa e à presunção de inocência.
A defesa técnica informa que não contribuirá para que a lisura do processo seja comprometida por juízos precipitados, pressões externas ou contaminações indevidas do ambiente processual. Atuaremos com firmeza, responsabilidade e respeito ao rito legal, reiterando total confiança na Justiça e na preservação das garantias constitucionais.
Cientes de que as investigações ainda estão em curso e não se trata de ação penal em andamento, reiteramos que todas as imputações serão devidamente enfrentadas no foro adequado, com base em provas lícitas, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa
Luziânia-GO, 01 de dezembro de 2025.
Pricilla Teles
OAB/42.898
Nota da defesa do sargento Miguel Roberto Mendonça
A defesa do Sgt. Miguel Roberto Mendonça, informa com indignação sobre a homologação da prisão preventiva, concretizada em audiência de custódia, realizada no último sábado, dia 29 de novembro de 2025.
Imperioso esclarecer que o Sgt. Miguel nega veementemente qualquer participação nos crimes em que está sendo investigado, indicando desde logo, o total interesse em auxiliar para que a verdade real dos fatos seja o quanto antes solidificada.
Em tempo, cabe indicar que ao longo da persecução penal, serão apresentados todos os elementos que demonstram a inexistência de sua suposta participação nos ilícitos em comento, bem como por agora, aduz a total inexistência dos requisitos autorizadores da medida extrema (prisão cautelar), razão pela qual, a prisão preventiva se revela desnecessária e desproporcional no caso concreto.
Por fim, a defesa confia que, com a análise técnica dos fatos e das provas, serão restabelecidos os direitos e garantias constitucionais do Sgt. Miguel Roberto Mendonça.
Sem mais para o momento, Luziânia-Go, 01 de dezembro de 2025.
Reginaldo Paixão dos Santos, OAB/GO 36.369
Nota da Polícia Militar do Estado de Goiás
A Polícia Militar do Estado de Goiás informa que, a partir do compartilhamento de informações entre as forças de segurança, a Polícia Civil deflagrou operação na cidade de Luziânia, resultando na expedição de mandados de prisão contra três militares e outros suspeitos, investigados pelos crimes de extorsão, agiotagem e demais delitos correlatos.
A Corporação não compactua com desvios de conduta e reitera seu compromisso com a ética, a legalidade e a transparência. As medidas administrativas cabíveis já foram adotadas e seguirão em estrita observância às normas internas.
A Polícia Militar do Estado de Goiás permanece colaborando integralmente com as investigações, a fim de esclarecer todos os fatos no âmbito judicial.
Assessoria de Comunicação Social
5ª Seção do Estado-Maior Estratégico – PMGO
Nota da OAB-Goiás
A Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO), por meio da Subseção de Luziânia, repudia, com veemência, o suposto envolvimento de uma advogada em um caso de agressão ocorrido no municipio.
A conduta relatada é absolutamente incompatível com a ética, a dignidade e os princípios que regem a advocacia, especialmente o compromisso da profissão com a legalidade, o respeito aos direitos fundamentais e a preservação da integridade física e moral de qualquer pessoa.
Diante da gravidade da situação, a Subseção determinou o afastamento preventivo da profissional de suas funções institucionais.
Paralelamente, a Seccional informa que instaurará procedimento ético-disciplinar no âmbito do Tribunal de Ética e Disciplina, a fim de apurar os fatos com rigor, assegurando o contraditório e a ampla defesa, como determina o devido processo legal.
A OAB-GO deixa claro que não compactua com quaisquer praticas de violência, abuso ou desvio de finalidade no exercício da advocacia e seguirá atuando com firmeza para preservar o prestígio, o respeito e a responsabilidade social da advocacia goiana.
Subseção de Luziânia da OAB-GO
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